segunda-feira, 10 de maio de 2010

A MINHA PRIMEIRA ESCOLA FOI NA PRAÇA DO PEIXE .........



Desde que li o manifesto do Paulo fiquei, de tal modo agradado que conseguiram fazer-me deslizar para tempos, onde decididamente tínhamos o privilégio de brincar e traquinar na rua, onde hoje o meu filho não o pode fazer nem o quer fazer, em que um simples autocolante dos Rollings Stones era sucesso garantido entre o grupo que cresceu comigo (na rua do jardim).

Também eu cresci na rua do jardim, onde havia um Tó-zé grande (eu), o Tó-zé Pequeno, o Rui da Sapataria América e o irmão Carlos, o Berto, o Paulo do Antero e o Badaró. Todos nós jogamos á bola tendo como balizas as sarjetas, da rua Leão Azedo e o Portão do Serrano no beco do Borralho (Antero), não me esqueço do olhar triste do Ricardo Pimenta por não poder fazer o mesmo, pois os avós não o deixavam jogar na rua, ficando na janela a ver-nos.

Passamos tardes e tardes a ler o Nody, a jogar Monopoly e Bolsa, enfim fomos crescendo e fomos nos separando, cada um para a sua escola a mim coube-me em sorte a escola da praça do peixe, onde tive o Prof. Norte como primeiro professor, Prof. Martinho e a Prof. Josélia sem dúvida daquelas personagens que não me irei esquecer, tal como o meu colega de turma com 15 anos que continuava na 1ªClasse, em grande guerra na captura das letras que para os outros era facílimo, mas que para ele era uma tortura.

Recordo-me com um sorriso da chegada do intervalo onde saltávamos pelas escadas em direcção á praça do peixe, apesar dos gritos da Continua Hermínia, que nos mandava descer devagar, tentativa diária vã, tal a velocidade de descida de todos nós. Com duas únicas ideias, comprar uma bola de plástico na loja onde hoje é uma agencia de viagens por 1$50 (em que todos entravamos com os nossos tostões de momento) ou tentar convencer um vendedor de enguias da lagoa (Às segundas feiras era o mote mais pedido entre os meus colegas) a oferecer-nos uma, para a fazermos deslizar pelas aguas que deslizavam da plataforma da praça para as pequenas valas de canalização de aguas excedentes da lavagem dos peixes em direcção às sarjetas adjacentes.

Acreditem, não havia campainha e nem todos tínhamos relógio….mas de bata branca vestida, lá estávamos 45 minutos depois, sentados nas famosas carteiras de barras verticais de ferro fundido com o buraco para o tinteiro a desafiar-nos para introduzirmos os lápis e canetas que rapidamente o Professor nos punha, em “su sitio”.

Alguns meses mais tarde e por razões profissionais da minha mãe, tive de ir para o colégio de Porto de Mós, Colégio incrível para aquela altura. A sala de desenho no último andar abria o tecto para que a luz natural fosse a eleita para que todos trabalhassem nos seus desenhos, foi sem duvida uma das coisas que me deixou de boca aberta nas primeiras aulas de desenho que tinha com o Libelinha e o João Manuel ao meu lado, foi ai que me cruzei com o professor Perpétua, na altura director do colégio (penso que mais tarde viria a ser professor no Liceu e de muitos de vocês) bem como a sua mulher Sr.ª Esmeralda, conheci também Tó Freitas, o irmão Pedro Freitas bem como o Lucinio médico nas Caldas e o Arnaldo Santos.

Após o terminus da minha passagem por Porto de Mós, vim então de novo para as Caldas e é aí que conheço alguns de vocês, na Turma do Ciclo Preparatório no 1º A, lembro-me ainda de algumas pessoas. Foram tempos em que tínhamos de ficar formados á frente da porta da sala, miúdos de um lado e miúdas do outro, antes de o professor chegar, vou tentar recordar-me: (Peço desculpa por não me lembrar de todos) Ana Monroy, Teresa Lamy e Marina (2º ano), Nini Velhinho, Cristina, Margarida Arroz, Luísa Branco, Leonor, Luísa Caiado, Cristina Maduro, Helena, Mário Fialho, Paulo Caiado, Paulo Lemos, António Albano, Cristina Aleixo, Jorge Bandeira, João Ascenso, Bebé Gomes, Luís Sancho, Tó Zé, Quim Franco, João Paulo Feliciano, Buiça…

Há algumas coisas que me lembro desses tempos no pós escola, as inúmeras tardes que passávamos a desenhar aviões e guerras em folhas de papel A4 na casa do Paulo Lemos, em que o nosso imaginário fluía para guerras e combates intermináveis, das tardes a jogar futebol no jardim do Jorge Bandeira que nos deixava de rastos.

Não tendo a certeza no tempo, mas penso que foi na altura no 2º Ano Ciclo que o Té Mil Homens na altura Professor de educação física, nos encaminhou para o inicio do núcleo de rugby da escola tendo decidido que o sítio do futuro campo seria onde viria a ser a Escola do Ciclo Preparatório agora Escola do segundo ciclo, e ai começamos a arrancar as plantas e ervas alta que naquele terreno existiam, tendo conseguido “desmatar” o terreno e iniciar os treinos e os jogos do então núcleo de rugby da escola que nos iria permitir ir a Coimbra defrontar outras escolas, onde o barulho dos pitons das outras equipas me surpreendeu a mim e aos outros da equipa pois nenhum de nós possuía na altura tal tipo de equipamento desportivo, aquando da saída dos balneários, claro está que levamos uma coça magistral, tal era a nossa inexperiência•.

Outro dos assuntos de escárnio e gozação nos intervalos tinha como alvo uma contínua pequenina que trabalhava nos balneários femininos de qual não me recordo o seu nome verdadeiro, tal a força da alcunha com que a brindamos. A sua alcunha era TéTé, como se não fosse suficiente usávamos uma pseudo - conjugação do verbo,” …il y a TéTé, il y a Ovo, il y a Galinhas,…” o que a deixava furibunda da vida. Essa irrequietude valeu-nos algumas corridas mais longas á frente dela de maneira que não apanhássemos com a vassoura que certeiramente tentava sempre lançar, mas sempre foi guerreira e nunca nos levou ao Director da Escola…..

Passei pelo 16 de Março sem ter a noção do que se estava a passar a não ser que algo se estava a decorrer fora do normal, que motivou a saída dos militares e o cerco da altura do RI5. Para mim foi um agora chamado ATL magnífico, pois passeei-me por entre as trincheiras exteriores que hoje algumas ainda existem escondidas, tapadas pelos tojos no pinhal circundante á agora Escola de Sargentos do Exercito, tendo mantido amena cavaqueira com os militares que ali estavam há mais de 24h e que acharam piada á minha insistência de estar por ali tanto tempo tendo – me deixado mexer nas armas de que disponham na altura, o que para mim foi algo inimaginável para um miúdo de 12 anos.

Umas semanas mais tarde, viria a acontecer o 25 de Abril, tendo-me ficado gravado muito bem de como, local e momento em que tive contacto com a noticia. Tínhamos aulas às 8h30 e estava a subir a escadas para a sala 5A, quando me cruzo com a Teresa Lamy que entretanto vinha a descer as escadas e me disse ….” Não há aulas ouve umas confusões em Lisboa com os Militares e hoje não há aulas ”……bem….foi um dia bestial de divertimento e jogos tendo ido para casa ao almoço sem nada entender do que se estava a passar…Mas que foi um dia de longa brincadeira essa lembro-me e muitíssimo bem.

Outras das recordações do ciclo são os jogos, do fogo, e de uma roda enorme que corríamos por fora da roda com um lenço, deixando cair normalmente atrás de quem gostávamos, era de certo nesses jogos que naturalmente estávamos a descobrir toda a magnitude da pré puberdade, lembro-me curiosamente de algumas meninas bonitas e que hoje continuam, umas mais doces, outras mais endiabradas, não me vou adiantar neste assunto, mas que houve …love in the air… foi uma verdade J.Eu pelo menos sempre me senti muito mais atraído por Arroz do que por Massa …é um facto.

Alguns dos professores ficaram gravados, uns pelo lado positivo outros pelo lado negativo. Quem não se lembra dos gritos do Professor Saraiva a português? Da Professora de Ciências Manuela, que nos demonstrava aquelas experiencias básicas de coloração de líquidos com anilinas naquele anfiteatro.

Quem não se lembra das aulas de canto coral e do ritmo seguido com o bater dos pés no soalho da sala bem como do chiar do pedal do órgão que a professora teimosamente empurrava para baixo, do professor de matemática do qual não me lembro o nome mas que nos levava pelo reino dos números de um modo sereno e sem barulho com a sua fina figura de magrizela.

Do Professor Vendas que nos deu educação física, da Mãe da Teresa Lamy, Professora Aurília que nos levou até ao reino “Bonjour Paris”. Enfimmmmm, tempos que tivemos a sorte de brincar na rua, de sair da escola e vir para casa sozinhos, a correr para não perder a serie dos Pequenos Vagabundos ……

(post do António José Albano)


Supertramp - School

2 comentários:

Manuel Querido disse...

Bons tempos! Também para mim a escola da praça do peixe foi a primeira, com o prof. Pimentel na sala ao lado da tua. Também vivi emoções semelhantes no 1º e 2º ano do ciclo em 73/74.
Um grande obrigado pelo despertar de memórias que senti.

Abraço
Manuel Querido

Anónimo disse...

A música até dói (snif).

Gajo